quinta-feira, 16 de abril de 2009

Bonequinha de Louça.
Delicia! Era assim que ela me chamava.

Tia Lina era (pois não esta mais aqui em carne, osso e cremes) uma senhorinha deliciosa que se casou com Tio Geraldo. Este casal querido não teve filhos, então adotaram alguns ou todos os sobrinhos.
Moravam em uma casa impecavelmente limpa e cheia de deliciosas guloseimas. Já sabíamos quando visitar Tia Lina que melhor era não comer nada antes, assim poderíamos saborear as delicias e o mais importante: deixa-la feliz.

Por partes:
A casa
Era pequenina, limpíssima como falei antes (Tia lina andava com uma flanela nos pés para deixar o chão brilhando: deslizava pela casa), decoração anos 50, louça delicadíssima e fogão elétrico. Isto me encantava. Ficava em um lugar central na cidade e tinha um gostoso “alpendre” de onde podíamos assentar e ver a vida passar escutando os casos e recebendo beijos e apertadas nas bochechas.
Alem da cozinha que tinha o fogão elétrico ela tinha mais duas cozinhas: uma na varanda de trás da casa, que dava para um gramado, onde as delicias geralmente eram feitas e uma ao lado do gramado, que agora me pergunto para que?
A Tia
Físico mignonzinho, pela ultra branquinha, com excesso de carinho para dar, cheia de apelidos para todos e sempre carinhosos, impecavelmente arrumada: unhas, cabelo e claro a pele. Este é um caso a parte. Ela tinha apelido de Tia do Creme. Vocês já podem imaginar, não é? Vivia com aquela carinha toda lambuzada de cremes, inclusive alguns feitos em casa. Então era difícil receber aqueles beijos e ela dava muitos.
Era completamente frágil e tinha asma. Sempre com sua bombinha na mão.
O Tio
Era um homem enorme, muito amável e hiper carinhoso. “Puxava” de uma perna, pois sofreu um acidente em uma travessia de trem. Também tinha um apelido familiar para cada sobrinho e tinha até para os carros. Era muito especial. A profissão: fazer fubá. Era proprietário de um moinho e visitar este espaço era como ir ao parque de diversões.
Fubá mimoso, fubá de moinho d’agua, canjiquinha e por aí vai.
A Zélia
Fiel escudeira de Tia Lina, empregada domestica (era assim que se falava e não tinha mal algum) maravilhosa. Era grande e cozinhava quase parecido com Tia Lina. Vivia a nossa família e era muito querida

Muitas saudades.
Quase sempre eu brigava para NÃO ir nesta casa querida. E sabe por quê?
Ela me agarrava demais – Que vontade de ser agarrada por ela agora
Ela me lambuzava demais – Que vontade de ser lambuzada e sentir o cheiro dos cremes
Ela me fazia comer muito – Que vontade de comer os biscoitos de nata, o mingau de fubá mimoso.
Ela me fazia falar demais – Que vontade de poder contar muitos casos a ela
Ela me chamava de BONEQUINHA DE LOUÇA – Que vontade de escutar isto outra vez.

De Bonequinha de Louça não tenho mais nada, ou quem sabe a fragilidade da louça em uma mulher adulta que precisa de colo.
Por que não sabemos aproveitar as boas coisas nos momentos que elas nos apresentam? Ou quem sabe aproveitamos e só estamos agora querendo mais e que fazia parte da historia o não querer beijos lambuzados e nem quere ser chamada de Bonequinha de Louça?

Mas de uma coisa eu tenho certeza:

Tia Lina: todo mundo deveria ter uma!
Saudades!

2 comentários:

  1. Ter uma tia Lina na vida é tudo de bom!
    Eu tenho algumas mas a minha avó paterna, esta sim uma super mulher que pariu 15 e era "mestra", cheia de prendas, tocava violino, bandolim e piano, bordava e cozinhava (Ah! Os bolos de noiva de uma época que tudo era feito de açúcar!)como ninguem!
    Ela é meu anjo da guarda! Tenho certesa

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  2. Querida....que saudade!!!!!
    Agradeço por ter chegado nesta familia a tempo de conhecer um pouco da Tia Lina e de ter a oportunidade de tambem ser lambuzada de creme....rs.
    Beijos

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